As empresas do setor de serviços estão obtendo redução de custos com adoção de trabalho remoto, na área de benefícios, integração de serviços, na área de contabilidade e parcerias, em logística. É o que mostram os exemplos da Ticket, divisão de benefícios do grupo Accor Services e MG Contécnica, Consultoria & Contabilidade.
A Ticket afirma estar aumentando em 40% o volume de vendas novas com o home office, sistema de trabalho remoto de sua equipe de vendas. A redução de custos com o sistema foi de R$ 3,5 milhões, em cinco anos. "Conseguimos aumentar o número de visitas de 1,5 por vendedor, chegando a 1,7 mil visitas por mês, um crescimento de 40% em volume de vendas novas", afirma Gustavo Chicarino, diretor de Estratégia, Marketing e Produtos da Accor Services.
A Ticket responde por 90% do faturamento da divisão Accor Services, braço de serviços do grupo Accor no Brasil, que também integra as empresas Accentiv e Build Up. Os principais produtos da empresa são o Ticket Restaurante e Ticket Alimentação respondem por 80% do faturamento total. A divisão englobava a área de hotelaria, que será desmembrada globalmente, ainda este ano e, por conta disso, o grupo está restringindo as informações sobre o faturamento e crescimento da operação.
De acordo com o executivo, a redução de custos gerada pela adoção do trabalho remoto se deu por conta da racionalização de recursos e processos. Ele afirma que, no modelo antigo, cada colaborador gastava, em média, 30% de seu tempo para resolver questões administrativas e apenas 5% para tornar o cliente mais rentável. Esses números caíram para 15% e 35%, respectivamente. Na mesma avaliação, o tempo destinado ao atendimento telefônico caiu de 40% para 5% atualmente. "A inversão nessa pirâmide de valores se dá por diversos motivos. O colaborador trabalha mais motivado, com ganho em qualidade de vida. Além disso, tem mais mobilidade, consegue planejar melhor suas visitas e dedicar mais energia a cada cliente ao invés de ser tomado pelas atividades administrativas de um escritório, tempo perdido em trânsito para se locomover até a empresa, entre outras coisas", explica Dalva Braga, superintendente de vendas da Ticket.
O investimento, não revelado pela empresa, foi feito em mobiliário, celular corporativo, computadores e impressoras, além de ajuda de custo mensal para despesas com energia elétrica e material de escritório a toda a equipe de vendas, que tem 104 colaboradores. Em 2008, o volume de negócios da Ticket atingiu R$ 7,6 bilhões. Os clientes da Ticket estão distribuídos entre os setores farmacêutico, bancário, alimentos e serviços. "A operação brasileira da Accor Services é a maior do mundo. Fomos os primeiros a 'cartonizar' os benefícios e temos um grupo que discute inovação mundialmente", ressalta.
As grandes expectativas da empresa para este ano são as operações dos produtos para iPhone, delivery e vale-cultura. O primeiro, já em operação, é um aplicativo gratuito, disponível na Apple Store, que funciona como um GPS que identifica onde o funcionário está e indica no aparelho celular os locais em que ele pode usar os seus benefícios. "Estamos exportando para dois países", afirma o diretor.
Já o Ticket Delivery, em teste, é uma tecnologia para estabelecimentos que fazem entregas, que permite efetuar o pagamento com o próprio entregador, enquanto o Ticket Cultura aguarda aprovação oficial do vale-cultura, projeto do governo federal para o incentivo de consumo cultural, que pode beneficiar 12 milhões de trabalhadores. O projeto já passou por duas comissões do Senado e aguarda a última para ser votado. "Estamos otimistas. Temos trabalhado neste produto desde 2004. Ele vai gerar um crescimento muito grande, além de injetar dinheiro no mercado cultural. Ele inverte o conceito do benefício, já que as pessoas poderão escolher o que consumir", completa o executivo.
Contabilidade
O escritório de contabilidade MG Contécnica Consultoria & Contabilidade também afirma estar reduzindo custos com a integração de sua plataforma de serviços. Com agilidade nos cálculos fiscais a empresa obteve 6% de economia no ano passado. "Estamos preocupados em integrar o Sped fiscal das pequenas e médias empresas que tem dificuldades em ter um programa específico para fazer suas declarações. Por isso estamos oferecendo um serviço de unificar os sistemas de entrada e saída das empresas com um sistema para informar à Receita Federal a movimentação da empresa" , afirma Marco Gomes, diretor da MG Contécnica Consultoria & Contabilidade.
O empresário destaca a existência de algumas situações que devem ser observadas pelas empresas, como por exemplo: "O cálculo do lucro distribuído aos sócios, que não deve ser diferente do que foi declarado. É muito importante bater com a declaração do Imposto de Renda e com os cálculos contábeis", explica.
Logística
Na área de logística, o grupo São Martinho e a Rumo Logística, braço logístico da Cosan S.A., anunciaram recentemente parceria em um projeto de embarque e transporte ferroviário de açúcar do interior de São Paulo até o Porto de Santos que, segundo as empresas, irá reduzir os custos logísticos de transporte da commodity em cerca de 20%. O potencial da parceria é de embarque e transporte de 2 milhões de toneladas de açúcar na safra 2011/12.
Segundo o presidente do Grupo São Martinho, Fábio Venturelli, em entrevista recente, o acordo prevê a utilização do terminal de embarque de açúcar da São Martinho - localizado na linha férrea da ALL, parceira da Rumo - existente na região de Ribeirão Preto (SP), para fazer a captação do açúcar produzido na região.
O terminal da São Martinho tem capacidade de armazenagem estática de 220 mil toneladas, 10% do volume anual esperado. Além disso, tem um pátio com espaço para cerca de 100 vagões ferroviários.